Yoga.art studio de Yoga

Durante 10 anos o Yoga Art, studio de Yoga, fundado com a proposta de compartilhar o bem estar e conhecimento desta filosofia ancestral, trabalhou com dedicação e amor a atenção e o autoconhecimento através do corpo, em um único endereço, no bairro do Morumbi em frente ao shopping Jardim Sul.

Em 2009, novas portas se abriram e pensando em expandir, levar a outros aspirantes um pouco dessa prática, nasceu a parceria com a Academia Gustavo Borges.

Localizado atualmente na rua José Ramon Urtiza, 901 (dentro da academia Gustavo Borges), o studio Yoga.art oferece diferentes estilos, que variam de acordo com o caminho que cada um dos professores constrói em sua estrada pessoal de Yoga. Apresenta ambientação exclusiva, com cores agradáveis, iluminação e acústica pensados especialmente para oferecer o conforto necessário aos praticantes, deixando-os totalmente à vontade nessa viagem em direção de sua própria natureza. As aulas são distintas e capazes de acolher harmoniosamente qualquer indivíduo.


Costuma-se frisar que o respeito e a atenção ao corpo fazem parte de um processo individual; o Yoga é esse processo!

Venha nos visitar...
Namastê!







quarta-feira, 7 de abril de 2010

Planeta Purusha e Palneta Prakriti - Joseph Le Page

Era uma vez um planeta que se chamava Purusha.
Todo mundo nesse planeta vivia feliz.
Quanto feliz? Totalmente feliz.
Os cidadãos do planeta Purusha viviam sem problemas. Na verdade, eles não tinham como ter problemas. Porque não tinha tempo, não tinha espaço, não tinha nada. Só tinha Consciência. Pura Consciência. Mas essa Consciência, mesmo assim, foi dividida em indivíduos. Cada um, uma alma individual. Mas eles estavam tão felizes, tão felizes...eles simplesmente viviam na Consciência Pura. É assim que viviam os cidadãos do Planeta Purusha.
É interessante saber que, em sânscrito, Purusha também quer dizer cidadão.
Eles eram cidadãos de verdade, cidadãos de alma pura. Mas faltava alguma coisa. Lá no Planeta Purusha, não tinha nenhum espelho. E eles disseram: "a gente não pode se conhecer totalmente sem espelho. Porque a gente está totalmente feliz dentro dessa consciência completa, infinita, mas não sabemos que estamos felizes".
Eles estavam felizes, mas não sabiam. Tentem entender isso...Tão felizes, mas não sabiam. Porque eles não tinham nenhum ponto de comparação, eles não tinham nenhum espelho para olhar e entender “eu estou feliz” ou "eu sou feliz". Porque lá só existia felicidade.
Um dia, todas essas almas se juntaram e uma delas falou: "olha, a gente vai ter que retificar essa situação. Eu ouvi falar de um lugar que se chama Planeta Prakriti (Prakriti, em sânscrito, quer dizer natureza). Disseram que lá no Planeta Prakriti tem muitos espelhos por toda parte...Pobre ou rico tem espelho. Eles podem ser felizes ou tristes, mas pelo menos eles sabem. Eles têm consciência se estão felizes ou tristes, ao contrário de nós que só conhecemos felicidade e consciência pura absoluta".
Então eles decidiram fazer uma viagem até o Planeta Prakriti através de uma astronave (a astronave é o nosso corpo). Essas astronaves seriam fabricadas do mesmo material que o Planeta Prakriti era construído. Eles investigaram e descobriram que o Planeta Prakriti, que também chama Terra, era feito de 5 elementos. Uma parte densa, que se chamava de terra. Uma parte líquida que se chamava água. Uma parte com calor, que também poderia produzir energia, que se chamava de fogo. Uma parte leve, em movimento constante, que se chamava de ar. E uma parte totalmente aberta, a mais similar ao Planeta Purusha, que chamava de espaço. Em sânscrito: prakriti, apas, tejas, vayu, akasha.
Eles gostaram muito dessa idéia de akasha (éter). "Aquele akasha é quase igual ao nosso ambiente aqui no planeta Purusha. A gente vai se sentir tão em casa...E os outros elementos a gente poderia aprender como lidar com eles".
Eles fabricaram astronaves. Mas cada uma foi feita à mão. Cada uma foi feita de uma maneira muito particular, exatamente para aquela alma. Tinham algumas feitas mais de terra, com um pouquinho de água. Essas astronaves eram sólidas, fortes...Mãos ao mesmo tempo um pouquinho mais lentas...Mas bem durável. Essa classe de astronave se chamava de Classe Kapha, que quer dizer durável, sustentável, que nunca quebraria na viagem. Tinha outro grupo de astronaves feito principalmente de fogo com um pouquinho de água, só para não queimar totalmente. Essa classe era de astronaves velozes feitas com perfeição. Era a classe Pitta. E tinha outra classe de astronaves feita principalmente de ar e espaço. Essa classe tinha muita liberdade, poderia andar através do espaço, do tempo. E essa classe, que se chamava Vatta, tinha esse problema de às vezes se perder no caminho. Então, todas as astronaves saíram do planeta Purusha ao mesmo tempo. Mas cada uma tinha uma viagem bem diferente. Aquela classe Kapha, mesmo cada um sendo um pouquinho diferente, cada uma feita para aquela alma, cada uma andava passo a passo, pouco a pouco, bem lento...Nunca mudaram de velocidade. A classe Pitta foi muito rápido, mas às vezes tinham que parar. Porque só aceitavam coisas perfeitas. E quando acontecia qualquer probleminha as naves Pitta tinham que organizar tudo, refazer tudo, revezar tudo. Assim perderam tempo no caminho. As astronaves Vatta foram muito rápido, mas foram aventureiras, foram de planeta em planeta. Em vários momentos esqueciam e deixavam as chaves da astronave num planeta ou outro. Elas precisavam voltar várias vezes para buscar as chaves nos planetas. Mas no final, todos os três tipos de astronave chegaram no planeta Prakriti ao mesmo tempo. Exatamente no mesmo tempo.
Antes de chegar ao ambiente do planeta Prakriti, vamos ver o que tinha dentro de cada astronave. Claro que tinha a parte principal, a alma. E também porque essa alma era a essência da cidadania do planeta Purusha. Mas também cada astronave precisava de um motorista. Esse motorista se chamava Ahamkara ou ego e ele recebia todas as instruções da alma.
Chegando perto do planeta Prakriti eles passaram por muitas tempestades...Tempestades muito violentas, chamadas Rajas. Também tinham tempos em que nada mudava, totalmente parado, era o tempo de Tamas. E tinha outros tempos em que as astronaves andavam totalmente equilibradas, esses momentos se chamavam de tempos de Sattwa. A viagem foi assim e eles entenderam que assim que é a vida no planeta Prakriti...Tudo muda durante todo o tempo. Num momento você está indo muito rápido, tudo está confuso. Outro momento está totalmente parado. Em alguns momentos, de curto tempo, voce está totalmente equilibrado. Esse ambiente do planeta Prakriti chamava-se de Triguna, os três gunas. Porque o ambiente do planeta Prakriti era como uma montanha russa, tudo estava sempre mudando. E os cidadãos do planeta Purusha comentaram: "Meu deus, aqui é totalmente diferente do planeta Purusha. La está tudo sempre igual, sempre com Consciência Pura. E aqui no planeta Prakriti tudo muda constantemente. Como é que a gente vai sobreviver?" Eles começaram a ficar com medo.
Daí, entrando no ambiente do planeta Prakriti, as astronaves sofreram um grande trauma. Foi um trauma tão grande, que os motoristas sofreram amnésia. Eles chegaram no planeta Prakriti, mas tinham esquecido. "Porque eu estou aqui? Por onde eu vou? Eu estou aqui para fazer o que?" E lá os motoristas tinham perdido o contato com a alma no centro da astronave. E foi uma situação muito difícil. Mas, graças a Deus, tinham alguns que conseguiam se lembrar de onde eles vieram. Esses eles chamavam de Guru ou Rishi. Esses poucos podiam lembrar que, na realidade, eles não eram cidadãos de Prakriti, mas eram cidadãos de Purusha.
Muitos ficaram perdidos. Eles achavam que estavam lá só para experimentar e morar dentro do planeta Prakriti. Mas os Gurus falaram que não, que o destino deles era voltar para o planeta Purusha, para retomar sua cidadania, como cidadãos do planeta Purusha, como almas puras...Agora com espelho. Entendendo que são felizes e também com pura consciência dessa felicidade. Diferente de antes, porque agora eles teriam conhecimento dessa felicidade.
A primeira coisa necessária para a jornada de volta seria consertar as astronaves. Então eles construíram oficinas de conserto para essas astronaves. Essas oficinas se chamavam de oficina Ayurvedica. E nessa oficina eles conseguiram reequilibrar, consertar todas as astronaves. Uma vez que as astronaves estavam prontas para a viagem de volta, eles precisavam de um mapa. Esse mapa se chamava 8 angas de Patanjali, se chamava Yoga. Então eles decidiram, depois de consertar as astronaves, fazer a viagem de volta usando esse mapa dos 8 angas. Mas a gente não sabe ainda como vai terminar.
Onde estamos nós nessa viagem?
Tem pessoas que estão perdidas.
São almas sob controle de motorista de astronave com amnésia.
Há outros que sabem que estão aqui para voltar para o Planeta Purusha, mas no momento estão na oficina Ayurveda. Eles também poderiam estar praticando Yoga, mas Yoga apenas para consertar a astronave quebrada.
Como essa astronave quebrou? Por causa de uma coisa que se chama estresse.
Estresse causado porque o motorista achava que essa astronave existia para trabalhar muito, beber muito, festejar muito, tomar drogas, preocupar muito...Então, o motorista com amnésia, achava que a astronave tinha ido pra Prakriti para fazer isso.
O motorista abusou da astronave, tendo que ir para a oficina Ayurveda. Abusou por que? Porque esqueceu de onde veio e para onde ia. Ele tinha vindo pra Prakriti com o propósito de voltar para o planeta Purusha.
A gente vivia nesse estado de pura consciência, através de um processo de involução, nós ficamos menos espirituais, menos sutis, mais densos em todos os sentidos aqui nesse planeta.
Nossa meta é voltar para aquele estado de pura consciência. A idéia é que viemos para aprender como voltar a ser espírito, mas de uma maneira consciente, através da escola da vida.
O destino de cada alma é procurar seu caminho de volta, através do nosso próprio esforço. O que caracteriza o mundo de Prakriti são os 3 gunas, como uma montanha russa. Altos e baixos. Enjôo e excitação.
No Planeta Purusha não tem essa montanha russa. Esse planeta está apenas em um lugar: dentro de nós mesmos. Só vamos encontrar estabilidade e felicidade dentro de nós, isso é o que todas as filosofias da Índia dizem. E o caminho é o Yoga.
O inicio dessa viagem é ásana. Porque pra voltar pro Planeta Purusha, no mínimo temos que ter uma astronave pronta pra sair, com base. Quando o motorista está doido, a 1a coisa a fazer com ele é ensinar como ficar "sthiram sukham", estável e confortável. Quando o motorista não esta sóbrio, não tem condições de fazer a viagem de volta.
Durante toda essa jornada, de uma certa forma, a pessoa dormiu no planeta Purusha. Sonhou que foi para o planeta Prakriti. Mas quando a pessoa acorda, ela reconhece que tudo é planeta Purusha, tudo sempre foi planeta Purusha. Para isso precisa um caminho, por isso os sutras de Patanjali são tão importantes na Índia, porque explicam o caminho. Eles saíram do planeta Purusha para ir em direção ao planeta Prakriti, com a intenção de aprender, de uma certa forma, quem eles são de uma maneira mais profunda. Depois colocaram uma antena grande, uma antena de comunicação (maha atman) para não perder contato com planeta Purusha. Saíram muitas astronaves e cada uma estava equipada com um computador muito sábio, chamado Buddhi, dentro de cada pessoa. Buddhi se ocupa de todo o funcionamento da astronave. Em principio pode ate tomar conta, mas o mais importante para Buddhi é manter comunicação com Purusha.
Mas tem o piloto louco, que é ahamkara, o ego. Ele é gente boa, mas pirou ao entrar no ambiente de Prakriti, sofrendo de amnésia. Porque em Prakriti, diferente de Purusha, tem momentos de equilíbrio (sattwa), mas tem momentos de loucura (rajas) e momentos de depressão (tamas). Por causa dessa amnésia, ele achava que estava aqui apenas para brincar com a astronave (nosso corpo).
A gente tem todas as ferramentas para a astronave perceber o Planeta Prakriti. Temos jñanendriyas (os sentidos do conhecimento): audição, olfato, visão, tato e paladar, para que a astronave conheça esse planeta. E temos os karmendryas (poderes de ação): o falar, o uso das mãos, a locomoção, o excretar e o ato sexual. A astronave tem como pegar, movimentar, comer, eliminar resíduos e tem equipamentos para fazer pequenas astronaves novas (procriar). Porque com essa amnésia, muitas dessas astronaves pensaram que vieram pra cá só pra fazer outras astronaves. Devido a essa amnésia a pessoa aprende tudo lentamente. Geração após geração, as pessoas vão fazendo sempre as mesmas coisas, mas a tendência é aprender com o tempo.
Chegando aqui em Prakriti, todas as astronaves eram feitas dos 5 grandes elementos (pancha maha bhuta). Quando as astronaves foram feitas no planeta Purusha, elas eram sutis. Ao entrar em Prakriti, tornaram-se sólidas. As astronaves que decidiram fazer a viagem de volta, foram 1o para a oficina Ayurvedica para se consertar e reequilibrar. Depois eles foram usando o mapa do yoga, eles seguiram todas as regras para todo mundo lidar bem dentro da sua astronave. E entre uma astronave e outra havia regras de conduta, se chamavam yamas e nyamas. Depois eles tinham que ter certeza que a astronave estava estável no vôo, firme, flexível. Por isso os ásanas. Eles precisavam abastecer bem a astronave de energia, por isso usavam pránáyámas. Eles precisavam girar a atenção, que antes foi totalmente dada a Prakriti, para o planeta Purusha. Isso se chamava pratyahara. Depois eles focalizaram toda a atenção no planeta purusha, usando 100% da concentração para esse ponto espiritual. Isso se chamava dhárana. Depois eles entraram em vôo e tudo na astronave estava fluindo perfeitamente bem...a alma, o motorista, a astronave em si, corpo, mente e espírito. A astronave (o corpo), o motorista (a mente) e o espírito (a alma) em perfeita sincronia. Por isso eles podiam voar totalmente sem problemas, sem tempo e sem espaço. Esse estado de voar se chama dhyána, meditação. E finalmente chegaram ao destino, ao planeta Purusha.
Eles podiam ser totalmente felizes, integrados, inteiros.
Ao mesmo tempo poderiam ter conhecimento dessa integração.
E a surpresa final foi que, abrindo os olhos, eles reconheceram que planeta Purusha e planeta Prakriti era o mesmo lugar. Mas com essa atitude de dhyána e samadhi eles podiam viver dentro do planeta Prakriti com consciência completa do planeta Purusha.
E todos que fizeram essa viagem viveram felizes para sempre!

Um comentário:

  1. Fantástico esse texto!

    Uma verdadeira viagem metafórica da iluminação, explicando um pouco mais o significado do ioga, que é nos (re)unir com o nosso verdadeiro eu (até onde eu pude compreender).

    Parabéns pelo site.

    ResponderExcluir